O mais recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trouxe dados importantes sobre a produção mundial de soja, sem grandes alterações no panorama de oferta global. No entanto, com a safra norte-americana em fase de colheita e a safra sul-americana prestes a iniciar o plantio, o clima na América do Sul tornou-se o principal fator de atenção para o mercado de soja nos próximos meses.
Produção Global de Soja e Estoques
De acordo com o USDA, a produção norte-americana de soja para a safra 2024/25 deverá ser de 4,586 bilhões de bushels, o que corresponde a cerca de 124,8 milhões de toneladas. Esse número veio um pouco abaixo das expectativas do mercado, que projetava uma produção de 4,609 bilhões de bushels. Mesmo assim, a produtividade foi mantida em 53,2 bushels por acre, um nível sólido que reflete uma colheita cheia nos EUA.
A produção global de soja foi estimada em 429,2 milhões de toneladas para 2024/25, um aumento marginal em relação à previsão anterior de 428,73 milhões de toneladas. Já para a temporada atual de 2023/24, a previsão é de 394,75 milhões de toneladas. Isso indica um mercado ainda bem abastecido, embora os estoques finais tenham registrado um leve aumento. Os estoques finais para 2024/25 estão estimados em 134,6 milhões de toneladas, ligeiramente acima do previsto em agosto, que era de 134,3 milhões de toneladas.
Brasil e Argentina: As Expectativas para a Safra Sul-Americana
O Brasil, maior produtor mundial de soja, manteve sua previsão de colheita estável em 153 milhões de toneladas para a safra 2023/24, com um aumento esperado para 169 milhões de toneladas na temporada 2024/25. A Argentina, por outro lado, teve sua estimativa de produção para 2023/24 ligeiramente revisada para baixo, de 49 milhões para 48,1 milhões de toneladas. Para 2024/25, o número foi mantido em 51 milhões de toneladas.
Essas estimativas para a América do Sul refletem a grande dependência do clima na definição das colheitas. O consultor Luiz Fernando Gutierrez Roque, da Safras & Mercado, destacou que, enquanto o clima nos EUA aponta para uma safra cheia, o clima sul-americano é um ponto de preocupação, especialmente no Brasil, onde o início do plantio já está enfrentando desafios climáticos.
O Papel do Clima na Formação dos Preços
O fator climático tem sido determinante para a volatilidade dos preços da soja. Nos Estados Unidos, o clima favorável ajudou a garantir uma produção robusta. Contudo, o clima no Brasil, onde o plantio está começando, ainda gera incertezas. Problemas climáticos podem atrasar o plantio ou prejudicar o desenvolvimento das plantas, afetando negativamente o potencial produtivo da safra.
De acordo com Roque, o mercado está em um momento de transição entre o “mercado climático norte-americano”, que já está finalizando o desenvolvimento e começando a colheita, e o “mercado climático sul-americano”, que se concentra no início do plantio. Com isso, a tendência é de grande volatilidade nos preços, tanto na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) quanto no mercado interno brasileiro. O clima na América do Sul, portanto, será o principal fator a definir os rumos do mercado nas próximas semanas.
Perspectivas para o Futuro
As expectativas de produção de soja no Brasil continuam positivas, com a possibilidade de uma safra recorde se as condições climáticas colaborarem. No entanto, a atenção do mercado está voltada para os próximos meses, quando o clima sul-americano será decisivo para a definição das colheitas.
Em termos de estoques globais, os números indicam uma oferta confortável, mas a volatilidade no mercado de commodities agrícolas sugere que qualquer mudança significativa no clima da América do Sul pode impactar rapidamente os preços. Dessa forma, produtores e investidores devem acompanhar de perto as condições climáticas no Brasil e na Argentina, à medida que o plantio da nova safra avança.
Em resumo, o cenário para a soja mundial, especialmente na América do Sul, está profundamente influenciado pelas condições climáticas. Com uma colheita norte-americana praticamente assegurada e a produção sul-americana prestes a iniciar, o mercado de soja segue atento a cada mudança nas previsões climáticas para garantir que a ampla oferta mundial seja mantida nos próximos anos.
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